Guia definitivo sobre o metaverso: o que é e como funciona

O mundo em que vivemos está passando por uma revolução tecnológica e cultural que está lentamente transformando a forma como interagimos com outros seres humanos e com dispositivos de todos os tipos.

O que acontece é que como as coisas mudam aos poucos, não percebemos estas alterações. Mas basta parar um pouco e refletir sobre como as coisas estão diferentes nos últimos anos e você verá que dispositivos que acreditávamos ser apenas ficção científica se tornaram tão normais que as usamos quase que sem pensar.

Você sabe o que é BlackBerry? Você já usou algum celular com sistema Symbian? Há poucos anos, na verdade, apenas um ano antes do lançamento do Iphone, a Nokia lançou o N95, um celular que revolucionou o mercado e parecia ser o futuro desta tecnologia.

Quando o Iphone foi lançado em janeiro de 2007, muitos acreditavam que ninguém usaria um celular sem botões. Mas as coisas evoluíram, projetos foram alterados, empresas cresceram, se uniram, brigaram por patentes, gerando os aparelhos que temos atualmente.

Poderíamos falar de tantos dispositivos que surgiram nas últimas décadas, mas o objetivo desta pequena viagem no passado foi para mostrar que vamos falar sobre um conceito que fará parte do futuro de todos nós, mas que ainda está dando seus primeiros passos em nossas vidas.

Metaverso: o que é e como surgiu

Como frequentemente ocorre com muitas invenções, o conceito de metaverso foi registrado pela primeira vez em um livro escrito por Neal Stephenson, publicado em 1992.

A não ser que você seja um fã da cultura cyberpunk, é provável que você nunca tenha lido este livro. Traduzido para português mas usando o nome original, Snow Crash, Ele conta a história de Hiro, um entregador de pizzas no mundo real. No entanto, no Metaverso, Hiro é um príncipe samurai.

Talvez você já tenha ouvido falar em uma das primeiras tentativas de criar uma espécie de metaverso, o "Second Life". Mas outro exemplo que mais pessoas conhecem é o game chamado "The Sims", no qual o jogador interage em um universo virtual por meio de um avatar.

Mas estas experiências, embora tenham atraído muitos fãs, não são tão imersivas , já que o usuário está olhando para uma tela plana e usando o mouse, teclado ou um controle remoto para interagir no mundo virtual. O metaverso, pelo menos os projetos que estão surgindo, pretendem oferecer uma experiência totalmente diferente e inovadora.

Como o metaverso funciona

Podemos dizer então que o metaverso é um ambiente virtual onde pessoas reais podem interagir com outros usuários que estarão sendo representados pelos seus avatares.

Para que esta interação seja o mais "real" possível, o usuário terá que usar dispositivos como óculos de realidade virtual para usufruir de todas estas experiências.

É importante observar que embora já existam alguns destes dispositivos, as empresas que estão trabalhando em projetos para o metaverso estão desenvolvendo novos dispositivos que serão comercializados no futuro.

Como esta é uma tecnologia extremamente nova, ainda não é possível dizer quais serão os principais dispositivos usados no metaverso. No entanto, várias empresas estão investindo muito dinheiro na criação de protótipos que possibilitarão a imersão neste ambiente virtual.

Um dos bilionários que demonstraram ser um entusiastas deste tipo de tecnologia é Mark Zuckerberg, que já investiu uma fortuna em diferentes projetos para a criação de dispositivos para o metaverso.

Além dos óculos de realidade virtual, eles estão trabalhando em luvas táteis, que conseguirão gerar a sensação de que o usuário está levantando pesos, segurando objetos e sentindo a textura de itens virtuais como se realmente estivessem em suas mãos.

Outro projeto está trabalhando em uma pulseira que permite simular por exemplo a sensação de manusear arco e flechas no universo virtual. Como ela tem censores avançados que recebem sinais de movimento dos dedos e do pulso, qualquer superfície plana poderia se transformar em um teclado virtual em 3d.

Como usar o metaverso

Existem vários ambientes virtuais que prometem oferecer este tipo de experiência e muitas empresas estão investindo pesado na criação e aprimoramento deste tipo de universo. O Facebook mudou o nome da sua controladora para Meta exatamente para tentar se posicionar na vanguarda deste novo mundo, mas o principal problema é que a maioria destes projetos são independentes.

Por um lado, a concorrência entre empresas que estão buscando diferentes opções para criação de universos virtuais é positiva, pois estão surgindo constantemente novas ideias e sistemas que prometem se tornar o futuro do metaverso.

No entanto, como não existe uma organização central que gerencia todos estes projetos, estão sendo criados diversos "metaversos", cada um com sua tecnologia e linguagem de programação.

Este é um dos principais desafios para que esta tecnologia se torne realidade e atraia a atenção de mais usuários. Atualmente, se você desejar acessar o metaverso, na verdade precisa escolher um dos sistemas em desenvolvimento, como Decentraland ou The Sandbox e interagir neste ambiente.

Mas cada ambiente, cada projeto é um espaço virtual individual que não tem integração direta com os outros sistemas, o que significa que o conceito de metaverso está bem definido, mas a forma de utilizá-lo ainda não.

Para explicar de uma forma mais simples, se você tem um Iphone, usa o ambiente projetado pela Apple, não existe como usar um Iphone com sistema operacional Android, são "universos" diferentes, com ferramentas distintas.

Para que serve o metaverso

Muitos especialistas acreditam que o metaverso mudará a forma como as pessoas vão interagir, se divertir, se relacionar e trabalhar. Atualmente, os principais projetos existentes para metaverso oferecem muitos games que prometem uma experiência única aos jogadores.

Mas assim que as empresas começarem a comercializar mais dispositivos imersivos de realidade virtual, o metaverso servirá para tanta coisa que teremos que dividir as diferentes opções em tópicos específicos, pois desta forma ficará mais fácil explicar os conceitos.

Lembre-se que como é algo totalmente novo e que por isso não faz parte da realidade da maioria de nós, muitos dos tópicos que vamos abordar parecerão pura ficção, mas acredite, estes projetos já estão sendo desenvolvidos, embora muitos ainda em estado embrionário. 

Como o metaverso afetará o desenvolvimento de games

Embora alguns afirmem que jogos como o Minecraft são um metaverso, o futuro deste tipo de universo virtual será muito diferente do que temos atualmente.

A Epic Games, empresa criadora de um jogo muito conhecido de quem gosta de se divertir online está apostando em um óculos de realidade aumentada que pretende mudar a forma como os gamers vão interagir e batalhar uns contra os outros.

Esta é uma das empresas que já levantou bilhões de dólares para apostar no metaverso, conseguindo apoio de outras marcas conhecidas como LEGO e Sony que acreditam que a forma como jogamos irá se transformar nos próximos anos.

Importância do metaverso na medicina

Muitas áreas poderão se beneficiar de um metaverso que funcione corretamente em diferentes situações, mas no caso da medicina, o metaverso poderia literalmente salvar vidas.

Imagine que um paciente precisa fazer uma cirurgia complicada, vários especialistas de lugares distintos poderiam se reunir em uma sala de operação virtual para guiar o médico que está fazendo a operação, ou inclusive guiar um sistema robótico usando censores avançados e realidade aumentada.

Além disso, médicos experientes poderiam criar treinamentos para estudantes de todo o mundo usando realidade virtual, já que muitas técnicas que são ensinadas em laboratórios seriam migradas para o universo virtual.

Metaverso e as formas de ensino

A internet já revolucionou a forma que aprendemos. Hoje em dia, você consegue encontrar vídeos com aulas gravadas por professores das melhores universidades do mundo.

Se você tiver como fazer um curso de especialização em uma grande universidade como Harvard, além de ter que gastar milhares de dólares precisaria viajar para os Estados Unidos, deixar seu trabalho e sua família e parar sua vida para estudar.

Mas você poderia fazer este curso na poltrona da sua sala, em um ambiente virtual com o professor e os outros alunos. Não estamos falando de uma chamada em vídeo, mas sim de um ambiente de realidade aumentada onde você se sentirá dentro da sala de aula, se olhar para o lado poderá conversar com um colega como se vocês realmente estivessem presentes fisicamente no mesmo local.

Além de diminuir muito os custos deste tipo de curso, isto aumentaria a oferta de ensino, já que mais pessoas teriam acesso a este tipo de conteúdo.

Mas para escolas que tem o desafio de despertar o interesse pelo aprendizado em crianças e adolescentes, o metaverso pode se tornar uma ferramenta de ensino fundamental.

Aquela aula de história chata em que o professor fica na frente da turma escrevendo datas e eventos no quadro poderia se tornar uma experiência imersiva, o professor poderia guiar os estudantes pelos locais históricos, visitando museus e monumentos e, quem sabe, até mesmo cidades antigas recriadas usando realidade virtual.

O metaverso mudará radicalmente o mundo do entretenimento

Que tal participar de um show em uma arena virtual com milhares de pessoas de todo o mundo, mas na verdade todos, inclusive os artistas estão cada um em sua casa? Os músicos podem tocar instrumentos virtuais para avatares, mas a experiência seria tão real que você realmente se sentiria no evento.

Mesmo em eventos ao vivo, como jogos em estádios ou ginásios, uma parte da audiência estaria no local e o restante online. Hoje já fazemos isto com a televisão e outros dispositivos.

Mas quando você assiste ao jogo do seu time pela televisão, você está vendo as imagens que o diretor responsável pelas câmeras selecionou.

Uma equipe de transmissão precisa de um profissional para selecionar quais imagens serão exibidas para os espectadores. Geralmente, existe uma sala com várias telas mostrando todas as câmeras e um ou mais profissionais gerenciando um Switch que permite alterar as câmeras e escolher as melhores imagens, dependendo do que está ocorrendo.

Com o metaverso, isto seria coisa do passado. Você está no controle e poderá decidir qual imagem deseja ver, se estiver no estádio, pode ficar na beirada do campo e ao olhar para os lados, terá uma visão aberta de tudo o que realmente está acontecendo.

O que é metaverso para o mundo corporativo

Para empresas, a conexão entre equipes se tornará cada vez mais estreita. colaboradores de diferentes filiais poderão se reunir virtualmente, o que irá diminuir drasticamente o custo com viagens.

Além disso, especialistas poderão visitar instalações em locais distantes, além de poderem inclusive simular novos ambientes que ainda nem foram construídos no mundo físico para melhorar sua estrutura.

O que é metaverso na igreja

Hoje em dia, várias igrejas já oferecem opções para que seus fiéis assistam cultos, missas e outros eventos religiosos online. Mas algumas já estão trabalhando para transmitir este conteúdo no metaverso.

Como o ambiente será totalmente imersivo, seria possível assistir o serviço em qualquer lugar, o que ajudará muito principalmente para pessoas mais velhas ou com problema de locomoção que atualmente precisam de ajuda para ir para a igreja.

Metaverso e o conteúdo adulto

É inegável que a indústria que trabalha na criação de conteúdo adulto, seja com vídeos, imagens e até em eventos ao vivo gera muito interesse.

Se você nunca ouviu falar no OnlyFans, é uma rede social muito usada por pessoas que vendem conteúdo adulto criado de forma amadora. De fato, muita gente consegue sustentar a família e sobreviver com a renda gerada com este tipo de conteúdo.

No metaverso, seria possível oferecer este tipo de conteúdo de uma forma personalizada e com uma experiência totalmente imersiva. Enquanto hoje você assiste um vídeo com atores, você estaria junto com eles em um ambiente virtual.

Metaverso na indústria cinematográfica

Da mesma forma que criadores de conteúdos adultos, toda a indústria cinematográfica poderá se beneficiar do metaverso. Na verdade, já existe muita discussão sobre quais tipos de filmes e séries poderiam ser criados usando realidade virtual e realidade aumentada.

Se você já viu um filme de terror realmente apavorante, certamente reconhecerá a sensação quase que de pânico quando apaga as luzes da casa e vai para o quarto.

Mesmo que você saiba que nada daquilo é real, diretores, atores e roteiristas jogam com suas emoções para fazer você chorar, rir, se assustar, se emocionar.

Isto seria multiplicado exponencialmente no metaverso, pois você estaria fazendo parte da cena, sentiria como se estivesse junto com os personagens vivendo aquele momento.

Como as empresas podem lucrar com o Metaverso

Muitas empresas de tecnologia e desenvolvimento já estão faturando muito com o metaverso. Quando o Facebook alterou o nome da marca para Meta, muitos acreditavam que era apenas uma estratégia de repaginação e marketing.

Mas na verdade, eles estão investindo bilhões tanto no desenvolvimento do sistema quanto nos dispositivos que vimos anteriormente, além de trabalhar em parcerias com outras empresas que estão criando diferentes protótipos.

Mas mesmo empresas que não trabalham diretamente com tecnologia podem se beneficiar de um metaverso que funcione sem problemas. Lojas de roupas, por exemplo, podem criar um espaço virtual que os clientes poderão visitar e até "sentir" os tecidos, usando por exemplo as luvas táteis que mencionamos antes.

Os projetos de metaverso que já temos atualmente tem espaços virtuais chamados "terrenos", que os usuários podem comprar usando criptomoedas e construir seus ambientes virtuais.

Marcas que já estão no metaverso

A Nike criou um espaço virtual em um jogo chamado Roblox, um dos projetos de metaverso que já estão em desenvolvimento. A Nike anunciou o lançamento da Nikeland, além de adquirir uma empresa chamada Artifact Studios (RTFKT), que se especializou no design e criação de artefatos digitais, como por exemplo tênis que podem ser vendidos como NFTs.

A Ralph Lauren criou um espaço no metaverso do game Roblox chamado de Winter Space, um ambiente para patinação no gelo e onde os usuários poderão adquirir roupas que foram vendidas nos anos 90 em lojas físicas.

A empresa informou também que outro espaço digital construído no Zepeto teve mais de um milhão de visitantes, por isso continuarão trabalhando neste tipo de estratégias.

A Vans também criou um ambiente imersivo no Roblox, unindo esportes e moda, com diferentes opções de entretenimento e experiências incríveis. Os usuários podem fazer compras e personalizar estilos de tênis dentro do jogo.

Se você não consegue entender como o metaverso já está gerando lucro para marcas famosas, esta informação irá surpreendê-lo ainda mais. A Gucci vendeu uma versão criada com NFT da bolsa Dionysus pelo valor inacreditável de US$ 4,1 mil.

O preço era mais caro para comprar a versão virtual vendida no jogo Roblox do que se você fosse comprar a versão física em uma loja e levar o produto para sua casa.

Mas outras marcas conhecidas como Stella Artois, Coca-Cola e Renner também já estão trabalhando em experiências digitais. A Coca-Cola criou o Byte, um refrigerante exclusivo para o jogo Fortnite, a Renner criou uma coleção 100% em 3D e a Stella Artois criou uma campanha para patrocinar sua marca em uma plataforma virtual de corrida de cavalos chamada Zed Run.

Qual é a relação entre criptomoedas e o metaverso

As criptomoedas são, por definição, dinheiro digital. Como o metaverso é um espaço digital, acredita-se que as criptomoedas poderão ser usadas para a compra e venda de acesso em eventos fechados, para adquirir NFTs e até comprar produtos físicos que você escolheu em lojas virtuais.

Vamos pensar na coleção digital de uma loja de roupas. O usuário pode visitar a loja usando um dispositivo de realidade aumentada de dentro da sua casa e "experimentar" as roupas, vestindo seu avatar com as peças para criar um estilo pessoal único.

Além de não precisar ir para o provador ou de espelhos, você conseguiria se enxergar de vários ângulos e fazer diferentes combinações de forma rápida, selecionando os produtos que deseja comprar.

Ao finalizar, se tivesse uma carteira digital com criptomoedas, o valor dos produtos que você comprou já seria descontado imediatamente e você receberia os itens em sua casa.

É difícil dizer qual criptomoeda será mais importante no metaverso, mas sistemas diferentes já estão criando suas próprias moedas digitais com base em blockchains como o Ethereum, enquanto outras empresas estão trabalhando na criação de uma blockchain independente para seu universo, para que o usuário não precise trabalhar com várias ferramentas de pagamento.

Metaverso: o que é e por que falamos tanto em NFT

NFT é outro termo que está se popularizando cada vez mais, trata-se de um token não fungível, ou uma assinatura digital inviolável usando blockchain para autenticar a originalidade de um arquivo.

Nos parágrafos anteriores, vimos a história da empresa que vendeu uma bolsa virtual por um preço superior ao produto físico. Na verdade, o que eles fizeram foi criar um NFT, a imagem de uma bolsa exclusiva que foi autenticada através de blockchain e vendida para um usuário que terá o direito de fazer o que desejar com os direitos que adquiriu por esta imagem.

Se você comprasse esta bolsa, poderia usar a imagem no seu avatar, para que ele seja visto pelos outros jogadores com a bolsa exclusiva ou até mesmo poderia ser vendida para outros usuários por um preço maior, já que muitas pessoas compram NFTs para vendê-los mais tarde.

É vital que estes itens virtuais sejam autenticados, pois é a única forma de poder atribuir valor monetário em coisas que você só irá usar no mundo virtual.

conseguirá 

Se hoje em dia você compra aquela roupa nova para ir ao show de um cantor que você ama, no futuro irá acessar uma loja virtual para comprar roupas virtuais únicas autenticadas por NFT para que seu avatar possa acessar o show virtual com a aparência que você escolheu.

Como no metaverso podemos ter a aparência que desejarmos, as empresas precisam se assegurar que os designes que criarem não serão copiados por outros usuários de forma indevida.

Como ganhar dinheiro com o metaverso

Embora ainda não exista um único sistema central, já é possível ganhar dinheiro com o metaverso, porém precisaremos abordar alguns tópicos relevantes para que isto seja feito da melhor forma possível.

Você poderia trabalhar na criação de NFTs para o metaverso.Em teoria, poderia transformar qualquer coisa em um NFT. Mas o custo deste tipo de operação é caro, já que você precisaria pagar para autenticar seu NFT em uma blockchain.

Assim, a não ser que tenha compradores interessados ou realmente queira arriscar, esta não deveria ser sua primeira opção, pelo menos não enquanto as coisas ainda estão iniciando.

Investir em criptomoedas. Aqui, a coisa já começa a ficar um pouco mais fácil, embora nem tanto. Se você quer comprar criptomoedas, pode optar pelo Bitcoin ou Ethereum, mas outros projetos tem suas próprias moedas nativas.

Por exemplo a Decentraland tem sua própria criptomoeda chamada MANA, que você pode comprar para adquirir produtos no universo digital ou mesmo para especular e lucrar com sua valorização.

O The Sandbox também tem sua criptomoeda chamada SAND, que oscila bastante e muito investidores usam para especular ou para comprar dentro de um dos universos que está se desenvolvendo bastante.

Investir nas ações de empresas ligadas ao metaverso. Esta é uma forma muito inteligente de aproveitar esta tendência. No entanto, tenha cuidado para escolher os ativos nos quais você irá investir, pois o processo de análise deve ser muito bem conduzido.

É muito díficil prever quais destes projetos conseguirão sobreviver no longo prazo, então é preciso acompanhar o desenvolvimento e as propostas das empresas responsáveis pela gestão do universo no qual está investindo.

Fundos de investimentos e ETFs. Algumas corretoras já estão oferecendo fundos de investimentos e ETF com base nos papéis de empresas que trabalham com tecnologia ou dispositivos ligados ao metaverso.

Se você preferir não fazer este trabalho sozinho, pode optar por comprar cotas destes fundos, já que poderia lucrar com o conjunto de ativos sem ter que acompanhar o desempenho individual de cada empresa.

É importante entender que ao investir no metaverso, você está na verdade investindo em empresas, com projetos diferentes que podem se tornar um sucesso ou fracassar completamente. Logo, precisa entender que os riscos podem ser mais elevados.

Empresas que trabalham com produtos ou serviços que já geram lucros são uma aposta mais segura, mas nem isto garante o seu sucesso no futuro.

O metaverso é seguro

Como este conceito ainda está em desenvolvimento e muitas ideias ainda nem se quer saíram do papel, existem muitas questões que ainda nem surgiram, mas que precisarão ser discutidas no futuro.

Mas o mundo virtual trará muitos aspectos que precisarão ser discutidos, como por exemplo a proteção dos dados dos usuários. Já existe muita discussão sobre isto com relação aos vários sistemas que temos hoje, principalmente porque muitos especialistas argumentam que estas ferramentas poderiam, se usadas indevidamente, roubar dados privados, seja para campanhas de marketing ou ações maliciosas.

Os novos dispositivos e sistemas poderiam ter vulnerabilidades ou serem explorados indevidamente. Pense por exemplo em um dispositivo com censores; ele está coletando uma grande quantidade de dados sobre o usuário.

Os usuários precisarão inserir informações reais, seja para acessar os diferentes serviços ou para fazer compras, então estes dados serão armazenados em servidores criptografados.

Qualquer tipo de ataque a estes servidores poderia expor uma quantidade incalculável de dados privados e até gerar prejuízos financeiros enormes.

Outro fator relevante será o monitoramento para o combate de informações e notícias falsas. Isto já é um problema nas redes sociais, mas em um ambiente onde pessoas do mundo inteiro estarão interagindo em tempo real, será ainda mais complexo controlar o que está sendo difundido entre os usuários.

Vejamos um exemplo prático, se você publicar um texto que viola os termos de uso da rede social que está usando, os filtros geralmente conseguem detectar o conteúdo e bloquear a conta ou pelo menos excluir a postagem.

No entanto, em um ambiente imersivo, será preciso criar outros tipos de ferramentas para o monitoramento e o controle deste tipo de informação, porque as pessoas estão falando umas com as outras, então o processo se torna mais complexo.

Da mesma forma, será preciso descobrir opções para prevenir, ou pelo menos diminuir que criminosos e golpistas utilizem o o metaverso para roubar usuários ou enganá-los de qualquer forma, já que é muito mais fácil aplicar um golpe em alguém quando você realmente está falando com a pessoa do que através de um email ou um comentário nas redes sociais.

Também será preciso monitorar o comportamento dos usuários, principalmente no que se refere a assédio sexual ou constrangimento. Embora você não esteja presente fisicamente no ambiente, o comportamento agressivo e as vezes até violento pode trazer consequências muito graves.

Alguns especialistas discutem inclusive as melhores opções para evitar que o metaverso se torne um ambiente tóxico, com usuários xingando uns aos outros, ou até mesmo para que não seja usado para converter jovens e radicalizá-los, como já aconteceu com as redes sociais.

Terroristas do mundo inteiro já usam as redes sociais para aliciar jovens e convertê-los em radicais, usando as emoções e outras técnicas.

Quanto mais imersivo for o ambiente, mais fácil seria doutrinar jovens e convencê-los a cometer atos ilícitos, ilegais ou até mesmo de terrorismo.

Qual é o futuro do metaverso

É difícil prever como será o mundo nos próximos anos, mas a humanidade já demonstrou ao longo da história que conseguiu criar monumentos incríveis, buscar a cura de doenças que tiravam a vida de milhões de pessoas e inventar produtos que mudaram as nossas vidas.

Muitos destes pensadores, inventores, programadores e investidores estão apostando no metaverso como sendo uma parte vital da forma como viveremos.

Já foram investidos bilhões de dólares em diferentes projetos, conforme mais empresas entenderem o potencial deste ambiente digital, mais dinheiro será injetado na expansão e na melhoria do metaverso.

No entanto, ainda existem muitos desafios a serem enfrentados.O principal deles será entrar em um consenso sobre a criação de um único ambiente aberto no qual desenvolvedores de diversos projetos possam trabalhar, mas este ainda não é o caso.

Se você pensar na internet, temos empresas concorrentes do mundo inteiro, governos com ideologias opostas e até países em guerra que compartilham o mesmo ambiente virtual, através da mesma rede.

Várias empresas desenvolvem aplicativos, criam novos navegadores, novos dispositivos, mas todos eles são conectados em uma só rede, que cobre o globo inteiro.

Para que o metaverso realmente seja usado pela maioria da população, será preciso um esforço coletivo desta natureza. Caso contrário, teremos vários universos virtuais concorrentes, alguns com funcionalidades melhores do que os outros, mas essencialmente separados.

Além disso, se não for possível criar um ambiente unido onde os aplicativos e diferentes sistemas serão desenvolvidos, isto diminuirá o interesse de muitos usuários e afetará assim a viabilidade econômica de cada projeto.

Se você compra um item na loja do Fortnite, este item só pode ser usado enquanto estiver no universo do game. Se acessar outro jogo concorrente, precisaria comprar outro item similar, mas embora seja o dono dos dois, cada um está separado no universo ao que pertence.

Mas se você pudesse comprar um tênis exclusivo e usar seu NFT em diferentes games de empresas diferentes, em um mesmo ambiente, as chances de as coisas darem certo para o projeto aumentariam muito.

Outra barreira que precisará ser superada será o idioma. Atualmente, temos sistemas de tradutores que funcionam relativamente bem, mas além de serem interfaces de texto, são ferramentas básicas que não seriam muito úteis no metaverso.

Em um ambiente onde você irá usar sua voz, se falar apenas seu idioma local, isto irá limitar muito sua experiência, além de diminuir o interesse por vários ambientes que não oferecem experiências no idioma que você entende.

Algumas empresas de tecnologia estão testando sistemas de tradução por voz, mas isto ainda está muito no começo. Se você tem um dispositivo com a Alexa, assistente de voz da Amazon, eles já estão testando uma skill para fazer traduções com comando de voz.

A Apple também tem esta opção, você pode perguntar para a assistente do seu Iphone como falar uma palavra ou frase em outro idioma, mas não é um processo que poderia ser usado com naturalidade em um ambiente digital.

O objetivo seria criar uma ferramenta rápida o suficiente para traduzir entre diferentes idiomas escutando a voz dos usuários e oferecendo a tradução no idioma desejado para o outro usuário.

Desta forma, você poderia interagir por exemplo com uma pessoa que fala apenas chinês, conversando cada um no seu idioma com a tradução instantânea oferecida no metaverso.

Os testes deste tipo de ferramenta já estão ocorrendo, bem como para tentar melhorar o reconhecimento de fala dos sistemas que já usamos. Este é um processo extremamente caro que necessita de seres humanos treinando os robôs para converter voz em texto, mas novamente, se a humanidade realmente se unir isto será possível.

Aspectos psicológicos no metaverso

Muitos psiquiatras, psicólogos e psicoterapeutas concordam que as redes sociais nos tornaram mais ansiosos, inclusive com relatos de pessoas que entraram em depressão ou até cometeram suicídio influenciadas por situações vividas no mundo digital.

Falamos um pouco sobre como filmes e séries despertam nossas emoções, mas existem muitos relatos de pessoas que desmaiaram ao assistir filmes como Irreversível, O Monstro e O Exorcista.

Na exibição de Irreversível, 250 pessoas deixaram a sala do cinema, várias chorando e muitas precisando de atenção médica. Existem relatos de uma mulher que sofreu um infarto ao assistir A Paixão de Cristo, filme polêmico de Mel Gibson.

Estes debates se tornarão presentes no futuro, pois como o metaverso será uma mistura entre a realidade que vivemos e um mundo virtual, quanto mais o mundo virtual parecer real, mais ele conseguirá despertar emoções reais nas pessoas, o que pode ser um problema em diversas situações.

Como o metaverso pode afetar nossa saúde

Além da nossa saúde psicológica, precisamos pensar também na saúde física, principalmente no caso de crianças e adolescentes. É fato que as crianças estão passando cada vez mais tempo na frente da tela.

Mesmo antes de a criança falar direito, os pais já estão usando as imagens e áudio de smartphones, tablets e outros dispositivos para distraí-la e fazê-la parar de chorar.

Estas crianças que ficam sentadas na frente da tela tem grande possibilidade de se tornarem socialmente problemáticas, quando não obesas por quase nunca se exercitarem.

Quanto mais imersivo for o metaverso, mais atraente será para jovens de todas as idades. Existem debates sobre formas de limitar a exposição de crianças aos ambientes digitais, mas em muitos países isto será quase impossível.

Metaverso no Brasil

A chegada de novas tecnologias está mudando nossas vidas, não existe como negar este fato. No entanto, em países em desenvolvimento como o Brasil, esta não é uma realidade para uma grande parte da população.

Se você abordar pessoas aleatoriamente nas ruas para perguntar-lhes o que é o metaverso, certamente muitos nem saberão do que se trata.

Para pessoas que tem dificuldade em encontrar dinheiro suficiente para fazer a próxima refeição, entender que pessoas gastam milhares de dólares para ter o direito de usar um JPEG, seria impossível.

Além disso, para interagir com o metaverso de uma forma eficaz, será preciso melhorar muito a infraestrutura do país. Muitas cidades brasileiras não tem nem internet de banda larga de qualidade, simplesmente porque as operadoras acreditam que não seria um bom negócio investir em redes de fibra ótica para poucos clientes.

Mas as novas tecnologias e produtos que requerem conexão rápida com a internet provavelmente ajudem a forçar as operadoras a investir mais, o que pode ajudar a fazer com que o metaverso se popularize.

Outro desafio será diminuir o custo dos dispositivos e dos serviços ligados ao metaverso. A classe média no Brasil ainda é muito forte, mas aos poucos a economia global está diminuindo cada vez mais seu poder de compra.

Quando as pessoas tem menos dinheiro para gastar, são muito mais seletivas e menos propensas a gastar com entretenimento.

Muitos marqueteiros afirmam que é muito provável que o entretenimento seja a porta de entrada de muita gente no metaverso. Uma pessoa não decide começar a jogar Fortnite porque quer ter uma experiência e conhecer o que é o metaverso.

Grande parte dos jogadores decide conhecer o game porque ouviu falar que é divertido, que muita gente joga e que vale a pena. Aos poucos, conforme conhecem o funcionamento do game, estes usuários descobrem que se gastarem para comprar um teclado com resposta mais rápida, se tiverem uma laca de vídeo melhor, ou se fizerem outras aquisições o jogo se torna mais legal ainda, estes jogadores começam a pensar em gastar mais dinheiro com algo relacionado com o metaverso.

Isto não parece fazer muito sentido, mas se parar para refletir irá entender que a forma como algo é "vendido" para potenciais usuários importa.

Se você perguntar para dez pessoas se gostariam de conhecer o metaverso, uma tecnologia que será vital no futuro da humanidade, talvez algumas demonstrem algum interesse.

Mas se perguntar se gostariam de experimentar uma nova tecnologia para assistir ao jogo do seu time como se estivessem no estádio, você certamente terá muito mais candidatos interessados.

Mas felizmente, equipes de marketing do mundo inteiro estarão usando suas mentes brilhantes para criar campanhas e atrair cada vez mais pessoas interessadas em conhecer o que é o metaverso.