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Percepção do mercado Ações O que é ESG e por que afeta a lucratividade das empresas

O que é ESG e por que afeta a lucratividade das empresas

Entenda todas as questões ambientais, sociais e de governança que ajudam a criar e desenvolver projetos sustentáveis. Exemplos de ESG e detalhes sobre sua utilização em diferentes setores.

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TOPONE Markets Analyst 2022-10-10
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O interesse em descobrir o que é ESG tem aumentado constantemente nos últimos anos, principalmente no Brasil onde este termo ainda não é muito difundido.


Neste artigo, vamos explicar em detalhes o que é ESG, mas vamos falar também sobre exemplos concretos e mostrar como este conceito será relevante para o futuro de qualquer negócio.


Embora o comércio tenha evoluído, a busca pelo lucro continua sendo vital para o sucesso de qualquer negócio. O objetivo de qualquer empresa é, por definição, lucrar o máximo possível, para pagar contas, investir mais e, no final, gerar riqueza para todos os que dela fazem parte.


Mas até não muito tempo, a busca pelo lucro permitia quase que qualquer coisa. Embora ainda existam muitos problemas, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil, este sentimento de que tudo é permitido quando se trata de ganhar dinheiro foi sendo alterado conforme as pessoas se tornaram mais conscientes sobre o quão prejudicial podem ser algumas atividades ou formas de atuação de empresas.


Muitas indústrias tiravam vantagem do trabalho infantil para conseguir mão de obra mais barata ou exploravam trabalhadores com contratos que os forçavam a trabalhar muito mais horas por salários menores, tudo isto para diminuir os custos e aumentar o lucro.


O direito ao protesto e greves foi conquistado apenas muito recentemente em muitos locais, de fato, muita gente morreu ou passou muito tempo na cadeia por ajudar ou incitar trabalhadores a parar de trabalhar para protestar por melhorias, seja nas condições sanitárias das fábricas ou por aumento de salários.


Hoje em dia, se a mídia divulgar que uma empresa utiliza produtos manufaturados usando trabalho infantil, esta marca teria sua imagem e reputação seriamente afetada, porque as pessoas deixariam de comprar seus produtos, então além de problemas com a justiça, a empresa seria punida pelos seus próprios clientes.


O que estamos tentando explicar é que ao optar por práticas que são consideradas criminosas, antiéticas ou imorais, a empresa estaria poupando dinheiro inicialmente, mas perderia vendas, logo perderia mais dinheiro do que se tivesse feito as coisas da forma correta.


Esta diferença precisa ser entendida logo no início do artigo para que os conceitos que queremos abordar hoje fiquem mais claros para você. Fazer as coisas da forma certa não é mais uma questão apenas de princípios, mas está diretamente ligado ao sucesso de uma empresa no mercado.


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ESG: o que é

ESG é uma sigla criada usando as iniciais de três palavras: Environmental, Social e Governance. Que podem ser traduzidas como: Ambiental, Social e Governança, respectivamente. Por favor observe que você pode se deparar com o acrônimo ASG, com as iniciais das palavras em português, mas em geral o termo ESG é mais usado em documentos oficiais, mesmo em português.


A seguir, vamos falar com mais detalhes sobre cada um dos três pontos, para que você entenda sua importância no planejamento estratégico das empresas.

E, Environmental

O primeiro conceito se refere diretamente a maneira como a empresa age com relação ao meio ambiente. Não estamos apenas falando sobre companhias que se preocupam com o meio ambiente, mas sim na forma como o negócio está impactando vários aspectos relacionados com a natureza, tais como:


Biodiversidade. Como a empresa se preocupa com a preservação das espécies. Por exemplo, empresas que criam produtos que podem impactar a fauna ou a flora precisam demonstrar os cuidados tomados para que isto não ocorra.


Você certamente acompanhou o debate sobre o uso de canudos de plástico. Este tipo de material afeta o solo, mas também é danoso para animais que podem morrer se as empresas continuarem vendendo produtos que usam canudos descartáveis.


Poluição. Empresas que poluem o ar ou a água podem ter sua imagem prejudicada, principalmente se for algo feito de propósito. Para não ter sua imagem danificada, estas empresas precisam demonstrar que estão fazendo tudo o possível para mitigar ou recolher corretamente resíduos poluentes.


Desmatamento. A preocupação com a preservação das matas tornou-se fundamental, então empresas que contribuem para o desmatamento acabam perdendo espaço no mercado. O prejuízo neste sentido pode ser ainda maior, já que podem ser impedidas de exportar para países que fazem um controle mais rigoroso neste sentido.


Aquecimento global. Com a preocupação com questões climáticas ganhando espaço nas redes sociais e na mídia, empresas que não criam políticas para combater o aquecimento global podem ser muito prejudicadas.


Outros aspectos entram em jogo quando se discute como determinada companhia está ou não preocupada com o meio ambiente, mas empresas de vários setores estão cada vez mais preocupadas em demonstrar que se preocupam com a natureza, que seus produtos ou serviços são fabricados da forma correta, que consomem menos energia, pois isto impacta diretamente nas vendas.

S, Social

O respeito ao ser humano está cada vez mais presente nos processos empresariais. Não basta apenas pagar o salário em dia para se tornar uma empresa socialmente justa, é preciso muito mais do que isto.


As empresas precisam se preocupar em desenvolver ações que englobem a comunidade local. Quando uma empresa se instala em uma determinada região, quanto mais ela oferecer para a comunidade, em termos de estrutura e melhoria da vida dos cidadãos que habitam nas proximidades, mais isto irá ajudar a melhorar a forma como é percebida por estas pessoas.


Se por exemplo você investir na construção de uma fábrica que irá gerar odores incômodos, fazer muito barulho ou afetar negativamente a comunidade, começará a ter problemas sérios de reclamações, protestos e dependendo da legislação local, até problemas mais sérios que poderiam impedir suas operações.


Isto poderia gerar processos, comentários negativos nas redes sociais e muitos outros problemas, o que afetaria a imagem da marca, diminuindo suas vendas no futuro.


É por isso que cada vez mais as empresas estão preocupadas em melhorar a vida das pessoas que convivem com a marca, já que desta forma poderão operar sem riscos de problemas.


Empresas socialmente responsáveis precisam ser inclusivas. Antigamente, muitas empresas não tinham a preocupação de demonstrar que eram inclusivas e respeitavam a diversidade, contratando apenas para preencher cotas, mas isto já não é mais suficiente.


Empresas que não respeitam diversidade de raças, credos, gêneros, etnias, terão sua imagem de marca seriamente danificada. De fato, se uma empresa ou algum colaborador tiver qualquer tipo de atitude que denote falta de respeito com a diversidade humana ou preconceito, isto geraria uma crise que poderia ganhar proporções internacionais.


Da mesma forma, empresas que não estão preocupadas com a segurança e a saúde dos colaboradores podem ter problemas sérios, não apenas no que se refere a legislação, mas sim porque com um smartphone, um trabalhador que se sente inseguro ou incomodado poderia gravar um vídeo e postá-lo nas redes sociais em minutos.


Isto acontece todos os dias no mundo inteiro. Estas informações normalmente se propagam muito rapidamente, gerando problemas muito sérios para a companhia como um todo.


Empresas socialmente responsáveis precisam respeitar os direitos humanos, as leis trabalhistas, pagar salários justos e não explorar seus colaboradores, pois o que eles pensam da empresa irá ajudar a criar uma imagem positiva da marca.

G, Governance.

Este último ponto é talvez o mais importante destes três pilares, pois diz respeito ao modo como uma empresa é administrada. São seus administradores que irão certificar-se de que a empresa está seguindo as políticas corretas.


É papel do gestor contratar auditorias internas e externas para garantir que os processos estão sendo respeitados por todas as equipes da organização. Se uma empresa é denunciada por alguma prática considerada ilegal ou imoral, são os gestores que precisam garantir que tudo será devidamente investigado e que serão tomadas as ações necessárias para que o problema nunca mais volte a ocorrer.


A forma como uma empresa é "governada" irá demonstrar ao mercado como esta empresa pensa sobre os diferentes aspectos que vimos até agora. Tanto consumidores como fornecedores decidirão se querem ou não fazer negócios com uma companhia com base na forma como os gestores cuidam da imagem da empresa.


O que queremos demonstrar é que o lucro, sem escrúpulos já não é mais um negócio interessante para ninguém. Se um fornecedor está vendendo para uma empresa que está no centro de uma crise por práticas erradas, é provável que ele também seja afetado e que outras empresas decidam deixar de fazer negócios ou cancelar os contratos vigentes, logo é melhor deixar de ganhar dinheiro com uma empresa para não perder o restante dos clientes.


Se qualquer um destes pilares não for analisado corretamente, a empresa poderia se envolver em uma crise institucional que poderia afetar sua lucratividade. Em alguns casos, os gestores conseguem demonstrar que o problema foi resolvido e investem em campanhas para provar que a lição foi aprendida e a empresa mudou a forma como respeita seus stakeholders, mas dependendo da gravidade do ocorrido, isto poderia destruir completamente a imagem da marca.


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História do termo ESG

Felizmente, empresas de vários setores começaram a discutir sobre sustentabilidade há vários anos, mas este termo foi usado pela primeira vez em um relatório publicado pelo Pacto Global, uma entidade que faz parte da Organização das Nações Unidas (ONU), criada para fomentar práticas mais sustentáveis em empresas e entidades, principalmente para discutir sobre sua relação com o meio ambiente, direitos humanos, anticorrupção e trabalho, em uma parceria firmada com o Banco Mundial.


Na publicação, denominada " Who Cares Wins ", que poderíamos traduzir como "ganha quem se importa", Kofi Annan, o secretário-geral da ONU na época, convidou 50 presidentes de grandes instituições financeiras para que expusessem suas ideias sobre formas de integrar aspectos ambientais, sociais e de governança no mercado de investimento e capitais.


Neste mesmo período, a UNEP-FI publicou o relatório Freshfield, um documento do Programa Ambiental das Nações Unidas. Este relatório analisou a importância da integração do conceito de ESG como uma maneira de avaliar a saúde financeira de uma empresa.


Aos poucos, esta sigla passou a ser usada em análises e relatórios para determinar se uma empresa pensa no meio ambiente, é socialmente responsável e tem uma gestão comprometida com todos estes fatores.

Por que investidores precisam saber o que é ESG?

Dependendo do seu perfil de investidor, você precisará utilizar diferentes instrumentos na hora de decidir quais ativos deseja comprar. Se você investe apenas a curto prazo, como por exemplo aplicando estratégias de day trade, este tipo de conceito não é tão relevante, pois neste caso você está mais preocupado com a oscilação dos ativos do que com os fundamentos de uma empresa.


Mas para investidores que buscam empresas sólidas, por exemplo quando querem aplicar estratégias de buy and hold, é preciso fazer uma análise mais profunda do potencial de uma empresa no futuro.


Uma empresa que está crescendo rapidamente pode não conseguir sustentar este ritmo, principalmente se este crescimento estiver sendo acelerado por estratégias incorretas que podem trazer resultados negativos à longo prazo.


Se um dos três pilares do conceito de ESG não estiver corretamente alinhado, isto poderia afetar a taxa de crescimento da empresa no futuro, o que impactaria negativamente na sua lucratividade, diminuindo o valor dos seus ativos.


Por isso, antes de investir nas ações de uma empresa, é preciso buscar muita informação sobre sua missão, visão e valores para determinar se você acredita que são pontos relevantes para o mercado de hoje e para o futuro.


É importante entender também que de um modo geral, nenhum gestor irá propositalmente tomar medidas que sabe que irão afetar a imagem da empresa, mas as vezes, estratégias que inicialmente parecem corretas tem resultados diferentes, pois seu impacto não foi calculado corretamente.


Por isso conhecer quem são os gestores das empresas nas quais você investe o ajudará a determinar a probabilidade de algum sobressalto no futuro.


Como regra geral, empresas sustentáveis normalmente crescem mais, ou pelo menos correm menos riscos de problemas e processos, o que afetaria sua capitalização de mercado.


Além disso, ações criadas com objetivos de melhorar o envolvimento da marca com questões ambientais e sociais normalmente são vistas como muito favoráveis, trazendo benefícios práticos para a marca como veremos nos próximos parágrafos.

ESG como estratégia de marketing

Fazer as coisas da forma mais correta possível deve sempre ser a prioridade de todos nós, mas no mundo corporativo, sabemos que isto nem sempre é verdade. Como vimos anteriormente, por muito tempo a busca pelo lucro fez com que muitas empresas e gestores tomassem decisões terríveis, que afetaram a vida de muitos trabalhadores.


Mas uma empresa que gasta mais com equipamentos de proteção para seus trabalhadores, ou que oferece redução de jornada como uma forma de evitar que operadores cansados ocasionem acidentes por descuido não está apenas melhorando as condições de trabalho de um modo geral, está investindo em marketing.


Além de poder participar em várias premiações nacionais e globais que valorizam empresas socialmente compromissadas, o fato de não ter problemas já é um investimento em marketing.


Você já deve ter ouvido falar que a melhor forma de ganhar dinheiro é não perdendo dinheiro. Mesmo que uma empresa não tenha retornos visíveis ao respeitar o conceito de ESG, só o fato de não se envolver em crises já será positivo.


A gestão de uma crise tem um custo de publicidade, marketing e recuperação de imagem de marca muito elevado. Se a empresa não tiver que gastar dinheiro para melhorar a forma como é vista por clientes e consumidores, estes recursos podem ser investidos em outras ações que podem gerar mais lucro, inclusive em campanhas para promoção de produtos ou serviços.


Muitos publicitários afirmam que você demora anos para conquistar a confiança dos clientes, mas pode perdê-la em segundos. Uma única ação errada pode trazer problemas sérios que necessitarão de muito tempo e dinheiro para serem resolvidos.

Exemplo prático sobre como ESG pode afetar uma marca

É fácil encontrar empresas que tiveram de enfrentar crises e perderam dinheiro com isso, mas neste artigo decidimos analisar um exemplo prático de uma marca conhecida, com uma situação que pode ser considerada curiosa por muitos brasileiros, principalmente por ter ocorrido em um país com uma cultura diferente, acompanhe.


Lembra que comentamos que as empresas precisam pensar em todos os aspectos que podem afetar os seres humanos, não apenas o planeta, mas sim suas crenças, seus valores e diferenças religiosas.


A Nestlé, marca muito famosa em todo o mundo, criou uma coleção chamada "KitKat Travel Breaks", usando fotografias e imagens de vários locais, como uma forma de promover a diversidade cultural.


Inicialmente, a ideia parecia muito promissora, a empresa gastou na criação das campanhas, fabricou os produtos e vendeu os lotes para os distribuidores.


Como parte do projeto, a Nestlé lançou na Índia uma coleção que incluía as imagens de Deuses sagrados Hindus, como Balabhadra, Mata Subhadra e Lord Jagannath.


A campanha foi criada com objetivos nobres, promover a cultura do país, divulgar a religião e atrair consumidores. Mas as coisas deram muito errado, por motivos que depois que você entender, parecerão óbvios.


O problema, é que quando você compra um chocolate, está interessado no produto, não na sua embalagem. Logo, depois de comer o doce, logicamente irá jogar a embalagem fora.


Mas neste caso, estas embalagens tinham imagens de Deuses que milhões de pessoas consideram sagrados, então na prática, as imagens de Deuses estariam sendo jogadas no lixo, jogadas no chão e pisadas, indo para o esgoto das ruas; você consegue imaginar o problema?


Você acha que alguma pessoa religiosa aceitaria que imagens importantes para suas crenças fossem pisoteadas ou misturadas com o lixo? Se isto tivesse ocorrido com símbolos e ícones sagrados de outras religiões, a polêmica seria a mesma, pois é algo que mexe diretamente com as crenças e a religião de uma parcela da sociedade.


Mas esta ideia não foi criada e aprovada por uma ou duas pessoas, certamente passou pela mesa de muitos funcionários que não perceberam o problema e acreditavam que estavam tomando a melhor decisão para gerar mais lucros para a empresa.


A Nestlé teve que retirar os produtos e pedir desculpas, mas é difícil calcular qual foi o prejuízo real desta estratégia, nem como os hinduístas percebem a marca após este fato.


Poderíamos dar muitos outros exemplos neste sentido, mas nosso objetivo foi demonstrar de forma prática como todas as ações de uma empresa afetam a percepção da marca em geral.


É por isso que todos os stakeholders precisam garantir que as empresas realmente estejam fazendo o possível para aderir a estas práticas e implementar ações de ESG.


Se você não é uma pessoa religiosa, imagens em embalagens de chocolate podem até parecer aspectos irrelevantes, porém isto trouxe um prejuízo financeiro real para uma marca conhecida.


É importante entender que o objetivo da marca não foi ofender ninguém, mas no final das contas foi um erro de gestão grave, que custou dinheiro real. Felizmente, parece que o pedido de desculpas foi aceito e a polêmica foi esquecida, então pelo que sabemos, a marca conseguiu gerenciar a crise corretamente.


Mas é algo que poderia ter sido evitado se os gestores estivessem mais alinhados ao conceito de ESG, neste caso pensando na parte social da campanha. Além disso, os efeitos poderiam ter sido muito mais sérios, temos vários casos de manifestantes ofendidos depredando super mercados e até queimando produtos.


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Os consumidores preferem marcas comprometidas com ESG

O fato de que preço importa continua sendo válido, os consumidores irão sempre comparar preços e funcionalidades, mas questões sociais e ambientais serão cada vez mais relevantes na decisão de compra, principalmente porque as informações estão cada vez mais acessíveis.


Se um produto está mais barato, porém consome muito mais energia, muitos consumidores irão optar por outra marca, porque neste caso isto iria afetar seu bolso diretamente. No entanto, cada vez mais consumidores deixarão de consumir produtos de marcas que não respeitam a natureza, tanto é que as próprias empresas já estão fazendo o possível para demonstrar que respeitam estes valores.


Além de terem a imagem da marca afetada, companhias que não se preocuparem com estas questões sofrerão cada vez mais punições e restrições no futuro.


De fato, já existem muitos debates sobre a criação de impostos e multas para punir empresas que contribuem para a destruição do meio ambiente ou para aumentar o aquecimento global. Embora exista uma questão política muito forte nestes debates, é certo que mais e mais países fecharão as portas para estas companhias.

Diferenças entre capitalismo de stakeholders e capitalismo de shareholders

Agora, vamos definir alguns conceitos, principalmente porque você pode encontrá-los em textos acadêmicos e relatórios, mas no final das contas são fáceis de entender depois de ter lido tudo o que já explicamos até aqui.

O que é capitalismo de shareholders?

Basicamente, é a forma tradicional como empresas agiam para buscar lucro. Ou seja, este modelo de negócio permitia que as empresas fizessem o possível para lucrar o máximo que conseguissem, pois a principal preocupação era gerar resultados para os investidores que apostaram no crescimento da companhia.

O que é capitalismo de stakeholders?

Capitalismo de stakeholder é a nova maneira de enxergar a forma de fazer negócios em um mundo globalizado e engajado com questões ambientais e sociais.


Os programas ESG são uma parte vital deste processo, mas é fundamental deixar claro que as empresas não irão se tornar organizações sem fins lucrativos preocupadas apenas em melhorar o mundo. O mercado se tornará cada vez mais competitivo, porém a busca por resultados não pode permitir que questões sociais e ambientais sejam ignoradas.

O que é triple bottom line

Também conhecido como tripé da sustentabilidade, triple bottom line é outro conceito intimamente ligado ao ESG. Cunhado em 1994 por John Elkington, um sociólogo britânico, este conceito está baseado nos chamados três "Ps" da sustentabilidade.


Estes três pilares são: People, planet e profit (pessoas, planeta e lucro) respectivamente. De uma forma resumida, o TBL estabeleceu formas para que as empresas demonstrem desempenho financeiro aliado a desempenhos ambientais e sociais.


Em outras palavras, a preocupação com o lucro não pode ignorar as pessoas e o planeta, pois apenas deste modo será possível seguir crescendo de forma sustentável.

Principais indicadores ESG

Uma das principais dificuldades de muitos stakeholders é medir quais empresas realmente aplicam programas ESG em suas estratégias corporativas. O problema é que para a maioria da sociedade esta fiscalização é mais reativa, ou seja, as pessoas vão reagir após uma denúncia ou problema detectado em uma empresa.


Por isso, é preciso analisar indicadores que demonstram o nível de comprometimento de diferentes companhias, embora ainda não exista um padrão geral para medir todas estas ações.


Entre os principais indicadores usados por empresas de diferentes setores, podemos destacar: International Organization for Standardization (ISO 14001), International Integrated Reporting Council (IIRC), Climate Disclosure Standards Board (CDSB), Global Reporting Initiative (GRI), Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), The Prince's Accounting for Sustainability (A4S) e Sustainability Accounting Standards Board (SASB).


Como comentamos, existem tentativas de criação de um padrão único para medir ESG, porém como muitos destes fatores não podem ser facilmente mensuráveis, fica difícil determinar de forma quantitativa as marcas que estão mais alinhadas com este tipo de programa.

Por que cada vez mais países estão forçando empresas a adotar programas ESG

A verdade é que algumas iniciativas e legislações custarão dinheiro e muitos críticos argumentam que podem aumentar a inflação, gerando instabilidade econômica, o que seria prejudicial para o desenvolvimento das empresas e da sociedade.


No entanto, no que se refere aos problemas ambientais, muitas lideranças políticas já se conscientizaram de que será preciso agir com urgência para evitar uma catástrofe global.


Estamos falando especificamente sobre o aquecimento global e as mudanças climáticas. O problema é que de acordo com vários cientistas renomados, se a humanidade não conseguir reduzir imediatamente a emissão de carbono, nosso planeta pode até se tornar inabitável.


Conforme amplamente divulgado pela mídia, as Nações Unidas informaram em relatórios que é impossível evitar o aquecimento global, mas para que seja limitado em 1,5ºC, os níveis de emissão de CO2 precisariam ser reduzidos em 45% até 2030. 

Dois fatores adicionais precisam ser considerados. Estamos falando sobre níveis pré-industriais, o que prova que o desafio é ainda maior. Além disso, a emissão de carbono precisará ser zerada até 2050 para que estas medidas tenham efeito à longo prazo.


Até agora, mais de 70 países já se comprometeram com estas metas, mas infelizmente muitos países assinaram protocolos que prometiam resolver parte do problema, mas estes protocolos foram abandonados por vários motivos políticos e econômicos.


Não existe como fugir do fato de que aspectos políticos afetam estas discussões, pois como comentamos, migrar indústrias de vários setores será um processo extremamente caro e complexo e que irá exigir muito esforço da sociedade em geral.


Apenas um exemplo prático para que você possa entender como este processo precisa ser analisado de vários ângulos. de acordo com muitos experts, o carvão é uma das energias mais "sujas" usadas atualmente.


Porém para a indústria, quanto mais caro a energia custar, mais elevado será o custo dos produtos fabricados. Embora muitos países tenham se comprometido a proibir a utilização de carvão como fonte de energia, conforme a demanda cresceu, o preço começou a aumentar drasticamente.


Ao se encontrar diante de uma situação muito complicada, já que reduzir os custos com energia se tornou vital para não afetar ainda mais o poder de compra dos cidadãos, a utilização de carvão precisou ser permitida em vários locais.


Isto demonstra que mesmo empresas que entendem o que é ESG e querem aderir a políticas mais amigáveis para o meio ambiente podem se ver forçadas a aceitar a emissão de carbono pois é a única forma de manter as fábricas em operação.


Mas embora surjam problemas como este, a realidade é que o mercado está mudando e as empresas que querem sobreviver precisam se adaptar e entender estas novas tendências. Os investidores estão buscando por empresas seguras à longo prazo, então as que não se adaptarem perderão cada vez mais clientes e capital, o que poderia fazer com que desapareçam do mercado.


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O que é ESG para a comunidade cripto

Como os debates sobre a implantação de programas ESG estão crescendo em todas as áreas, vamos abordar rapidamente um tema que será muito relevante na economia do futuro, os criptoativos.


Muitas criptomoedas, entre elas o bitcoin, são vistas como muito danosas para o meio ambiente. Antes de entrar especificamente no tópico, é importante deixar claro que nosso objetivo não é emitir opinião, mas sim trazer questões que são colocadas por experts, para que você entenda o que está sendo discutido sobre esta temática que estará cada vez mais presente no seu cotidiano.


Alguns estudos indicam que a mineração de Bitcoin (BTC) sozinha consome mais energia por ano do que países como a Argentina e a Noruega. Ou seja, apenas este criptoativo precisa de mais energia do que milhões de pessoas no planeta, então só este dado já demonstra o tamanho do debate.


Defensores destas criptomoedas argumentam que aos poucos este setor está se tornando mais inserido em estratégias ESG, uma vez que já foram criadas organizações para certificar a emissão de bitcoins considerados "verdes", como a Energy Web Foundation e a Crypto Climate Agreement.


O objetivo seria tentar buscar soluções para minerar criptomoedas de uma forma mais limpa, por exemplo usando energia solar ou eólica. No entanto, estas criptomoedas continuarão demandando muitos recursos, seja em equipamentos ou em energia, o que de acordo com alguns especialistas, tornaria seu futuro incerto.


Prova de que este é um debate que divide muito a comunidade cripto é o fato de que o Ethereum, segunda moeda digital mais usada atualmente, passou por um processo de migração que levou muito tempo para ser concluído.


De forma resumida, a mineração de criptomoedas depende de poder computacional muito elevado para validar blocos em uma cadeia, a chamada "blockchain". Cada bloco precisa ser validado em sequência e o minerador que conseguir resolver um problema matemático complexo primeiro ganha o "prêmio" por ter adicionado com sucesso um novo bloco nesta cadeia.


Explicar como minerar criptomoedas em poucas palavras seria impossível, mas esta validação e geração de blocos criptografados é o que chamamos de mineração, ou mecanismo de consenso de prova de trabalho (POW). Como vimos, este processo consome muita energia, o que eleva seu custo financeiro e impacta negativamente o meio ambiente.


A migração promovida pelos desenvolvedores do Ethereum alterou este consenso para o que é conhecido como prova de participação (POS) reduzindo em mais de 95% o consumo de energia que era usada pelos mineradores de Ethereum.


Existem várias outras questões sobre este processo de migração que não iremos abordar neste conteúdo, mas queremos mostrar como os criptoativos fazem parte deste debate, principalmente porque são os jovens que demonstram cada vez mais preocupação com questões ambientais, mas por outro lado pesquisas demonstraram que os jovens estão cada vez mais interessados em investir em criptomoedas.


No caso do BTC, parece que seria impossível fazer alterações no protocolo para abandonar o consenso de prova de trabalho, então este debate estará presente no cenário global por muito tempo. Quanto mais a crise energética se intensificar, mais pressão as criptomoedas vão sofrer.


Se você é um investidor que tem criptoativos em sua carteira, precisará estar atento a todas estas polêmicas, pois elas podem afetar o preço dos seus ativos.


O mercado de criptomoedas não vai desaparecer por problemas climáticos, uma vez que já se mostrou ser robusto e movimenta bilhões de dólares por mês, mas é inegável que a sustentabilidade será cada vez mais importante para este setor.

Quando estratégias de ESG podem afetar a imagem de uma marca

Idealmente, todas as empresas precisam pensar em questões sociais e ambientais, além de melhorar sua gestão para que tudo funcione como esperado e a organização consiga aparar arestas e crescer de forma sustentável.


Mas um ponto que muitos gestores ignoram é determinar quando estas estratégias podem não funcionar, ou seja, quando não conseguirão aplicar o conceito de ESG ao seu negócio.


Sempre que uma empresa aloca recursos para uma determinada atividade que não visa o lucro, ela normalmente está interessada em obter algo em troca. Sendo mais específicos, quando uma companhia divulga que investiu X milhões em um projeto para despoluir um lago, ou para plantar milhares de árvores, o objetivo é demonstrar aos stakeholders que a marca se importa com estas questões, mas espera receber algo em troca, concretamente reconhecimento.


Ser reconhecidos como uma marca sustentável tem muito valor, como já vimos até agora. Buscar este reconhecimento não é errado nem antiético, mas não é possível ignorar o fato de que quando uma empresa publica nas redes sociais que está doando toneladas de alimentos para uma instituição, está sim fazendo marketing.


O problema é que já tivemos casos em que empresas prometeram participar de determinados projetos e isto não se traduziu em ações concretas.


Se os gestores não estão seguros sobre uma determinada ação, é melhor pensar muito bem antes de começar a falar sobre o tópico. Se uma empresa promete que irá despoluir um lago, porém mais tarde ficar provado que este valor foi usado para outras finalidades, isto geraria um escândalo imensurável para a marca.


Não vamos nomear marcas neste texto, pois não queremos entrar diretamente nestas questões, uma vez que alguns destes casos afetaram diversos países, mas tivemos companhias famosas que se envolveram em escândalos que ganharam as manchetes dos principais jornais do mundo por fazerem marketing com promessas de ações sociais falsas ou questionáveis.


Em um caso, uma fabricante de automóvel vendeu um veículo como sendo menos poluente, mas descobriu-se depois que haviam falsificado e manipulado os sistemas de controle responsáveis pela emissão de CO2 destes automóveis.


Em outro caso, uma empresa que oferecia opções para que os clientes pagassem um valor adicional que ajudaria a contribuir com um programa ambiental e de sustentabilidade, sofreu várias denúncias que indicavam que os valores não estavam sendo usados da forma correta, ou não teriam o impacto prometido nas campanhas de marketing da marca.


Quando uma empresa é desmascarada por este tipo de prática, é normal ocorrer um linchamento da marca nas redes sociais, com uma tempestade de comentários negativos que afetarão a empresa por muito tempo.

Conclusões

Acredite ou não, o mundo em que vivemos está mudando. A sociedade está cada vez mais atenta ao comportamento de governantes e organizações e muitas coisas que eram consideradas como normais antes passaram a ser rejeitadas pela maioria da população.


Cada setor irá se transformar de formas diferentes, alguns terão mais dificuldade, devido a própria natureza do negócio, mas todas as empresas terão obrigatoriamente que aplicar programas ESG em seu modelo de negócios para sobreviver e continuar crescendo e atraindo uma fatia maior do mercado.


Esperamos que depois de ler este artigo, você tenha entendido o que é ESG, mas principalmente sua importância no sucesso de empresas de todos os setores.


Tentamos falar sobre este tópico de uma forma prática e usando exemplos concretos, para que você possa aplicar este conceito em diferentes áreas da sua vida, seja você um investidor buscando por empresas que tem potencial de crescimento ou um administrador de um negócio interessado em aprimorar seus conhecimentos sobre gestão sustentável.


Podemos afirmar com certeza que você verá mais e mais o conceito de ESG e outros pilares ligados ao crescimento sustentável de empresas sendo aplicados a diferentes contextos.

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    2023-11-29
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